A ótima resenha abaixo foi publicada originalmente por Tiago Perreto no BoardGameGeek. Segue abaixo a tradução feita pelo próprio Thiago:
Mexica – Kiesling & Kramer goodness
Em Mexica os jogadores gastam pontos de ação (6 por turno) para realizar coisas no tabuleiro. Há várias ações possíveis, mas as mais comumente realizadas são:
- construir um canal (1pa);
- construir uma ponte (1pa);
- mover o Pilli (1pa por espaço);
- erigir construções (de 1 a 4pa – dependendo do tamanho/influência da construção);
- economizar 2pa para uso posterior.
Basicamente no jogo os participantes querem isolar áreas ao adicionar canais ao tabuleiro, de forma a serem capazes de fundar distritos, pois isso rende pontos ao fundador. O tamanho do distrito deve ser igual a algum dos números grandes nos marcadores de distrito ainda disponíveis. As pontes servem para o Pilli mover-se pelo tabuleiro, pois é possível ao Pilli ir direto de uma ponte até outra, desde que ambas estejam conectadas por água. Mover o Pilli é necessário posto que distritos só podem ser fundados, ou construções erigidas, se o Pilli estiver na área. E as construções são o que influenciam os distritos – ao final das duas fases do jogo, cada distrito será pontuado de acordo com o marcador que estiver dentro dele: a pessoa com mais influência receberá a maior pontuação, a pessoa em segundo lugar, o segunda maior pontuação, e aquela em terceiro, a menor.
Ao final da primeira fase (que encerra quando todos os distritos disponíveis – oito, no total – são fundados) todos os distritos são pontuados. Ao final da segunda fase (que encerra igual a antes, ou no caso de algum jogador colocar todas as suas construções no tabuleiro), todos os distritos serão pontuados novamente, junto de todas as áreas que foram fechadas, mas onde distritos não chegaram a ser fundados, que serão pontuadas de acordo com o seu tamanho.
A pessoa com mais pontos vence!
Mexica tem um conjunto mínimo de regras, porém possui uma boa profundidade de estratégia. Eu temia que o Mexica, como o Tikal, iria levar os jogadores a sofrerem de grande “paralisia analítica”, com cada um calculando até os mínimos detalhes cada ato possível, tentando maximizar até os píncaros da loucura aqueles 6 pontos de ação por turno. Espaço para isso o Mexica tem, porém as opções nele são tão claras e fáceis de serem realizadas que eu não testemunhei a temida PA ocorrendo, pois não há áreas cinzas a serem forçadas ou exploradas.
Mexica deixa o controle da experiência nas mãos dos jogadores, que conduzem todos os aspectos do jogo: não há influência da sorte na jogabilidade, e a única parte aleatória ocorre antes do primeiro turno de jogo – o sorteio dos marcadores de distrito que estarão disponíveis na primeira fase (na segunda fase são usados os marcadores que ficaram de fora na primeira fase, assim torna-se completamente previsível saber o que virá).
O jogo ocorre de forma fluída, num passo quase acelerado, e uma partida em três pode finalizar em 75 minutos.
Os componentes da nova edição são excelentes: tudo tem um padrão alto, sendo as joias da coroa os prédios de influência, que são feitos de resina sólida (e são pesados, feitos para aguentar bastante), sendo ótimos de manusear – fica bem claro que um bom naco do orçamento para a produção do jogo foi usado nesses prédios.
Em uma disputa entre o Mexica e o Tikal, o resultado é algo complicado. Tikal é um jogo mais complexo, mais rico em opções e, por isso mesmo, também é mais pesado e difícil de explicar e de jogar e, assim, torna-se mais difícil de vir para a mesa. Mexica é bem mais fácil de explicar e jogar, e mesmo numa primeira partida, um novato sente-se fazendo boas escolhas, indo bem – e, dessa maneira, o probabilidade do Mexica ser jogado é maior. Então, mesmo crendo que o Tikal é melhor para jogadores veteranos, o Mexica atrairá um conjunto maior de pessoas e será mais bem recebido em grupos variados.
No geral, Mexica está amplamente aprovado. É um título de peso que reforça a qualidade da trilogia da Máscara do Kiesling & Kramer. O que deixa-me muito animado para conhecer aquele que falta: Java.
Mas, por hora, é isso!
Por Tiago Perreto